O OUTRO E VOCÊ
- Rita Escórcio

- 9 de set.
- 2 min de leitura
O OUTRO E VOCÊ

Quando conheci VOCÊ, o OUTRO já vinha sofrendo desgaste. Não sei como explicar. Era bom estar com o OUTRO. Mas esse “era bom” não tinha constância. As “ficadas” iam rareando sem fazer tanta falta. Até pensei que fosse sofrer de ausência. Não sofri. Pelo contrário, valorizei-me mais. Nesse interregno, conheci VOCÊ. Conhecer VOCÊ? Não. Ainda não. Estamos em processo. Dia a dia, eu pesco algo de ti. É como se eu tivesse brincando de preencher peças de um quebra-cabeça de montar. Cada peça encontrada é rara e permeada de desejo. É indescritível a alegria de descobrir algo novo, visto que o destino me apresentou um ser de luz. Ficar junto a VOCÊ, seja de que jeito for, traz de volta o meu despertar para a vida. Eu me completo de VOCÊ. Resgato emoções adormecidas. Vivo, adolescentemente, todas as bobices da fase dos sonhos e me perco em devaneios. VOCÊ é pura poesia em mim. Minha inspiração diurna, noturna, cotidiana. Fico a imaginar como seria minha vida, ao desistir do OUTRO e não ter encontrado VOCÊ... Acho que seria apenas um completar de dias, sem a vivacidade que VOCÊ me traz. Quando sei que exagero ao demonstrar meu querer tanto bem a VOCÊ, sei que estou a merecer punição. Então, para que eu não a receba de ti, eu mesma me castigo. Impaciento-me. Não cumpro o período que determinei para cumprir a pena de ficar longe de VOCÊ. Ou eu cedo às minhas gritantes necessidades ou enlouqueço. E como não quero enlouquecer (apesar de achar a loucura uma válvula de escape), escolho amar VOCÊ. Amar de meu jeito, embora VOCÊ não compreenda esse amar sem se dar por completo, com restrição. Já te disse que minha lentidão faz com que o querer bem se eternize. Mesmo que VOCÊ desapareça, para sempre, irei lembrar que te quis muito bem. Quis não, quero. E esse querer bem salvou meus dias de esperdiçar mais carinho em quem não merecia, no OUTRO.


