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INÍCIO DE EMOÇÕES INTERMINÁVEIS

  • Foto do escritor: Rita Escórcio
    Rita Escórcio
  • 5 de mai.
  • 2 min de leitura

INÍCIO DE EMOÇÕES INTERMINÁVEIS


Entre amigos e sendo a pretendida por um deles, fui agraciada com o apelido de Gazela. Confesso que não fiquei satisfeita com a alcunha, pois só me remetia a um animal de pernas longilíneas e ao me ver no espelho só me atentava por ser as minhas ainda bem finas sem o tornear das mocinhas já com formas arredondadas da época. Se, no calor da folia, me chamavam de Gazela, mudava imediatamente minhas feições, tornava-me séria quase zangada e me afastava dos companheiros de aventuras. Naquele tempo, a ingenuidade imperava. Meu agir assim era uma maneira de receber atenção de meu pretenso admirador. E ele vinha me fazer dengo: queria saber o que tinha causado o meu afastamento, por que eu tinha mudado, tocava-me as mãos por horas e eu ficava nesse enlevo por sagrados minutos ao me sentir amparada por tão grande demonstração de carinho e benquerer. Fui a sua pretendida, mas eu ainda era uma menininha crescida. Nada sabia de intenções amorosas. Sabia apenas de achar bom ser acalentada, de isso me acalmar e ao mesmo tempo fazer calor no meu corpo inocente. O nome Gazela foi a chave de entrada para emoções maiores. Não tive quem me orientasse. Aos poucos, as sensações foram se alargando. Eram paixões secretas, minúsculas, superáveis até o dia em que meu corpo desabrochou. Vivenciei paixão avassaladora. Aprendi a processá-la individualmente. Não cobrei reciprocidade. Meu corpo extasiava. As lembranças inocentes ficaram naquele apelido que ora me irritava, ora fazia meu treinamento para me tornar mulher. Hoje, posso falar dos amores que tive (ainda tenho). Se você foi(é) meu eleito, regozije-se, pois a raríssimas pessoas foram dadas alguém tão pura e plena na maneira de amar.

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